sábado, 16 de fevereiro de 2013

Um observador...

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Depois de ler o que ela tinha escrito, ele disse:

- Fiquei com vontade de escrever sobre pessoas bonitas e feias. Há pessoas que tu conheces e crias uma imagem bonita dela, tens quase a certeza que quando a conheceres melhor, porque sabes que isso vai acontecer, as tuas expectativas encaixarão na realidade.

- Desculpa interromper-te, mas acho que o que te leva a uma pessoa é sempre a beleza, isso vai determinar se tu queres conhecer ou não, se queres falar ou olhar para o lado e seguir em frente. 

- Não posso negar, acho que tens alguma razão. Mas, repara, tu já criaste uma imagem de alguém com quem nunca tinhas falado, as pessoas fazem isto, fazem-no diariamente, no autocarro, na biblioteca. Ás vezes estou sentado na esplanada ali em baixo e observo, como se fosse a primeira vez, cada pessoa que passa, cada gesto, cada movimento, cada expressão. Crio estórias, faço-lhes uma vida, cheia de sabores e dissabores, mas no fim são todos felizes.

Ela sorri.

- Sim eu sei, estou a brincar, mas não estou a mentir. Faço mesmo isto. Assim como, quando passo por uma casa com janelas ou portas abertas espreito sempre, e imagino uma romance ou um drama partilhado naquelas paredes. Já faz parte de mim, tu, melhor que ninguém, sabes disso. Mas deixa-me retomar à esplanada. Quando estou nesse processo criativo atribuo uma personalidade a cada uma das pessoas, preencho-a com boas características ou menos simpáticas. Quando te conheci, por exemplo, as tuas gargalhadas na mesa do lado chamaram-me à atenção, e o cuidado com que ouvias as pessoas com quem estavas fizeram-me perceber que eras carinhosa, não errei. Não foi a tua beleza que me fez ir ao teu encontro nesse dia, foram as gargalhadas e a harmonia dos teus dedos a brincar com a caixinha dos guardanapos. Estou a derrubar a tua argumentação. 

Ela volta a sorrir

- Não achas que tenho razão? Pelo menos alguma, confessa. Gosto das pessoas que fogem ao comum, aquelas que tu achas que são uma coisa e rapidamente te desarmam. É bom quando isto acontece. Repara que não estou a defender que as pessoas são feias, não, acredito que todos têm a sua beleza, que todos são bonitos por dentro, mas que existem pessoas que não combinam umas com as outras, que as energias são opostas e quase que afirmo que nunca serão amigas. Nunca criarão qualquer tipo de relação a não ser uma sensação amarga. Ao longo da minha existência não tenho falhado muito as minhas avaliações, talvez seja do tempo que dedico à observação, ou à exigência. Tu também és observadora, eu sei que sim...

- Sim, mas evito criar qualquer tipo de análise, porque ao contrário de ti, eu nunca errei numa avaliação...



                                                         (Para João Pedro Lima, um observador)

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