quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Um lugar vazio...


"Ontem chorei. Por tudo o que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo o que se perdeu. Por nos termos perdido. Pelo o que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra quotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Tua. Nossa culpa. Por tudo o que foi e voou. E não volta mais, pois hoje é já outro dia. 
Chorei.
Apronto agora os meus pés na estrada.
Ponho-me a caminhar sob o sol e vento.
Vou ali ser feliz e já volto."

Caio F. Abreu

sábado, 3 de agosto de 2013

Se vem por mal, não venha!

" (...) Respondo não aos seus dotes de sedução, mas ao seu lado perdido que - presunção minha! - me pareceu tão evidente no seu olhar. Enfim, respondo não ao mal que você me pode trazer, mas ao bem que julgo ter entrevistado no mais fundo de si. 
Desse homem não tenho nada a temer, porque não me fará mal. (...) Não é verdade que você não me fará mal? Que podemos apenas acabar uma conversa interrompida numa noite de luar, num terraço debruçado sobre o Verão?
Sim, eu sei que faço demasiadas perguntas, mas, se a sua resposta for sim a estas perguntas, dar-lhe-ei um sinal para que nos voltemos a encontrar. Até lá, rogo-lhe que não faça nada. E, quando for para vir, se vier por mal, não venha. Eu respeitá-lo-ei por isso, ainda mais. E guardarei de si uma recordação sempre querida."