sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Exiguidade Provinciana Mental

Em Julho do ano que passou um amigo e colega jornalista escreveu uma crónica onde anunciava uma doença há muito conhecida mas pouco explorada, Exiguidade Provinciana Mental (EPM), ou seja, bisbilhotice e maldizer.

A verdade, (pelo menos na minha verdade, que é só minha), há muito a dizer sobre este mal e sobre os infectados, mas é necessário, (a meu ver, e só meu), fazer uma distinção importante dos que padecem aos meros observadores.


Os olhos que nos veem não são os que nos sentem. É importante perceber e reter esta informação, para o bem geral. São inúmeros os casos diários de más interpretações e de momentos de falha de comunicação. Sabemos que a informação recebida pelo receptor não é a mesma que foi enviada pelo transmissor, isto acontece sempre. Um olhar, um gesto, uma palavra, um silêncio não é recebido da forma que eu enviei, não é entendido da forma como eu entendi e, principalmente, não é aceite da mesma forma pelos receptores A, B e C. Ponto final.


Podemos afirmar ainda que a correcta receptividade da informação está directamente relacionada com o ambiente que envolve o receptor, se este estiver dominado pela EPM receberá sempre uma mensagem deturpada.

Victor Melo desabafa aos seus leitores que por todas as cidades que passou sempre defendeu Águeda, local onde passou a sua infância, das constantes "investidas de indivíduos provenientes de centros mais urbanizados. "É a amplitude mental que conta e não a geográfica", disse vezes sem conta, quando era confrontado com os estereótipos mentais que costumam caracterizar as pessoas dos meios mais pequenos: mentalidade pequenina, exígua, hermética, coscuvilheira.

No entanto, por vezes parece que há pessoas que gostam de envergar, orgulhosamente, as pirosas vestes desse estereótipo. Em boa consciência, não as posso criticar, porque muito provavelmente a culpa não é delas. Provavelmente nunca saíram daqui, nunca tiveram oportunidade de viver noutros ambientes, vivenciar quotidianamente novos hábitos socioculturais, de saborear e assimilar novas culturas, de alargar horizontes tanto urbanos como mentais."

No mesmo texto o autor apresenta-nos não a cura mas um forte tratamento, Vida Própria. "Por mais que esteja comprovado que algumas doses de Vida Própria amenizem alguns dos seus efeitos, sem qualquer contra-indicação, o medicamento - o único no mercado com total comparticipação e sem qualquer custo - é constantemente ignorado. O que leva a supor que, de facto, os doentes que sofrem de EPM gostam e, por algum motivos, privilegiam a sua condição."

Segundo o mesmo texto, a burrice deste tipo de doentes é o motivo pelo qual muitos homens e mulheres (saudáveis) reprimem parte da sua identidade com receio de serem catalogados e rotulados pelas suas opções e/ou decisões. Para estes, tanto eu como o meu amigos aconselhamos o seguinte:

Não se deixem condicionar por nada. Não castrem a vossa iniciativa, a vossa espontaneidade, a vossa liberdade, a vossa alegria e expressividade por causa dos olhos pardos de um beato, que deve a si mesmo e à sua própria amargura o facto de estar cingido a assistir à vida através do vidro opaco de uma janela. Já vocês, têm as ruas. O ar que lá respiram é vosso. Ninguém o respira por vocês. Nem nunca respirará.

Da minha parte, a todos aqueles que caminham ao meu lado, amigos, colegas ou conhecidos que recebem e receberam de uma forma negativa a minha comunicação verbal ou não verbal, mil perdões.
A todos aqueles que recebi erradamente as suas mensagens e fui influenciada pelos doentes da exiguidade provinciana mental, mil perdões!
Aos doentes, as vossas "verdades" fazem-nos sorrir, rir e no fim, gargalhar.

A ti, Victor Melo, amigo e jornalista, um obrigada!

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